Seja qual for a idade, anos ou meses, volta e meia nos deparamos com uma verdade incontestável: crescer dói. Mais fácil quando a dor é física, como aquela que dá na perna, uma coisa esquisita que parece que repuxa, e ao reclamar a mãe profetizava: quando crescer, passa. Não. Tem dores que são mais pra dentro. Sem ter nem pra que, o corpo fica inconveniente, inadequado, parece que tudo remexe, como se a gente não coubesse mais em si. E estando do lado de lá, de quem assiste e desesperadamente busca o que fazer: o que fazer? Buscar remédios, decifrar sintomas, buscar sinais de onde vem o foco, buscar o diagnóstico perfeito? E de repente, no meio disso tudo, a intuição de um abraço. Um aconchego. Desses em que se respira junto. De mansinho, os gritos vão dando lugar a soluços, daí pra suspiros, como quem acha, nas primeiras escuridões de tantas que a vida reserva, alguém para compartilhar a solidão. E do lado de cá, de quem aflita assistia à cria, ver que muitas vezes o fazer é só estar. E pedir junto para que a tempestade passe.
Eita, Cláudia. Que verdade bonita.
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