há exatamente dois anos, nessa mesma hora, eu vivia o êxtase do limiar. era um dia assim, de sol, e já quente. a essa hora, chegava a parteira. a essa hora, eu pedia com todas as forças para que tudo corresse bem.
nesse momento, a presença de todos os anjos fez um rodamoinho de vento. começou devagar, como brisa, embalando em ar a nova alma que se aproximava da nossa casa. antes de nascer, visitou em sonhos parentes, o pai inclusive, com a frase que seria o seu futuro legado: papai, vamos brincar?
e duas horas depois, brincando ele chegou, montado no redemoinho, que naquele momento já era vento. tenho certeza que pulou gargalhando na película do tempo e se jogou de cabeça, como agora faz no sofá. e há quase dois anos (e serão dois daqui a duas horas), eu me via no chão, recém parida e ajoelhada, com meu filho nos braços, agradecendo o milagre.
e assim, o menino sapeca nasceu.