ontem seria um daqueles dias comuns, que começaria com uma consulta médica (com os meninos) às 8 da manhã.
lembramos que era rodízio. unica solução: metrô.
foi uma festa. coisa que não se faz sempre vira programa. eram, de fato, dois interioranos no trem: davam bom dia, sorriam para os rostos incrédulos, falavam para as pessoas: “olha o trem!” como se aquele superprograma fosse também uma novidade para todos.
saindo da estação, ainda pegamos um taxi. Pedro estranhou: “mãe, cadê as pessoas?”
achei engraçado. tentei imaginar o que ele queria dizer, e depois entendi. estamos sempre em família, ou entre amigos (de todas as idades e tipos) e que às vezes somam um número grande de pessoas. sempre, todas se conhecem, se cumprimentam, conversam, convivem. para eles, não é comum o anonimato em público. não é comum que pessoas que andam juntas não se conheçam, não se cumprimentem, e especialmente, que vão embora sem dizer tchau.
depois, durante horas, os dois ficaram lembrando da sua aventura no trem que se chama aletrô. imitavam a voz over da moça, e narravam os fatos: “desembarque pelo lado esquerdo do trem. aí a moça toca a flauta: túúúúúúúú. aí a porta abre.”
seria lindo se fosse assim.
para eles, assim foi.