o fim

Eram apenas dois olhos vertendo, vertendo, vertendo…

Sentiu seus braços se erguendo em prece,

e todos os seus espinhos saindo, lentamente,  do centro do peito em direção à superfície.

Sua pele, enfim, enrijeceu,

a antiga ardência nas plantas dos pés deu passagem a pequenas raízes,

e a água que era antes jorrava agora também provinha da terra.

 

Olhou adiante e não mais viu o deserto,

apenas uma enorme pradaria sedenta por novo saber.

 

Olhou além do horizonte e perdeu-se, enfim, de seu próprio mirar

 

Ergueu-se entre nuvens frescas

e viu, lá de cima, pela última vez,

um único cacto remanescente sombreando a aridez,

futuro remanso para outros errantes fatigados.

 

Despediu-se do antigo invólucro,

sorriu em gratidão,

engendrou novas promessas,

teceu uma outra trama.

 

Então partiu para um próximo sonho onde, enfim, tornaria-se rosa.

 

 

 

(obrigada, Lauren.

Enfim, livre.)

 

 

 

 

 

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