se tenho que contar, calo.
engaguejo. mato pausas. esqueço fatos.
contando pra mim, escrevo, escuto.
e então percebo que ainda é a voz do meu pai, trazendo vida a uma nova aventura.
era todo dia assim, no almoço: eu devorava histórias com arroz e feijão.
às vezes eu lançava ao meu pai temas indecifráveis.
e ele, malandro das palavras, tangenciava o pedido. mas trazia sempre a colheita do dia.