Pedro.5

há cinco anos, aconteceu.

na madrugada, a luta estava no ápice. depois de mais de 30 horas de dor, dentre as quais 7 eram de muita dor, ela ainda resistia.

apesar do torpor, da quase perda de consciência, ela firmava sua existência. peitava. esbravejava. se contorcia.

(em segredo, se vitimizava)

tremia.

temia.

não cedia.

o dar-se era inevitável, mas, no momento, impossível.

ela retraía.

quase perdeu os sentidos. num último momento, só sobrou-lhe um: a criança que viria.

só então se deu conta que essa era, ainda, uma informação distante.

então percebeu que não havia, ainda, o amor.

então alguém além dela mesma (ou que pensava ser) o evocou.

então percebeu que amor é também a dor de ir além dos próprios limites: perder-se para expandir-se. abrangência.

ela cedeu.

jogou-se de costas no abismo, sem esperar amparo.

amanheceu.

ela morreu.

um pouco depois das seis, Pedro nasceu.

outra viveu. (que agora, sou eu.)

 

obrigada, filho, pelo presente de saber-se além.

(muitos e muitos anos trazendo a luz com você!)

 

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