com febre, com dúvidas, com raiva de tantas coisas lá fora, em casa sozinha com os meninos. querendo ver minha mãe, que está longe, e tendo que ser muito mãe.
café da manhã.
resolvi me entregar à ternura, para não alimentar o bicho.
tomando café com Pedro, ele apontou pro copo onde bebia suco – quase vazio – e inventou: quero o copo grande, mãe.
o que?
quero grande. espicha, mãe.
entendi. queria mais suco, até que o conteúdo ficasse grande no interior do copo.
espicha mãe. isso!
(feliz por ter sido entendido)
depois expliquei que a frase seria: enche o copo. mas gostei do espicha.
depois brindou comigo, ele com suco, eu com café. em seguida, soltou:
você tá quase quebrando, mãe?
sim, filho. estou…
(eles nem sabem. nunca sabem: que, às vezes, salvam a gente.)