acordei meio zonza hoje. é tanta coisa acontecendo que se a gente tenta entender com a cabeça fica louco. o tom geral nas redes sociais hoje era de “e agora?” (na melhor das hipóteses) ou desapontamento com as “distorções”, e era de se esperar esse hiato depois de tanta euforia. mas – pensei – essa é a hora de ter firmeza para não se perder a esperança. o negócio é seguir o fluxo da História, confiar que o processo desencadeado é sábio – mais que as nossas palavras – e que tudo caminha para a evolução.
ainda assim, na prática mesmo, hoje eu estava fora do ar. ou fora da terra.
fiquei na rede buscando e compartilhando informações, e perdi o pé das coisas cotidianas. quando dei por mim, estava bem atrasada para buscar os meninos na escola. saí correndo, ainda dei de cara com um acidente na Raposo Tavares, cheguei meia hora mais tarde e fui recebida por dois sorrisos lindos.
mamãe tá muito louca: tava na minha testa.
no caminho de volta, os meninos pediram “pra ver o castelo” – é uma construção que lembra um, e passo pela frente lá de vez em quando, porque eles acham o máximo ver de perto aquela representação que só se vê em livros. claro que não conto pra eles o que é de fato o tal castelo, só dou um “tchau”de dentro do carro e sigo meu rumo. ainda bem, os portões daquilo estão sempre fechados.
hoje não foi diferente. mas voltando de lá, o Pedro me sai com um comentário típico da sua ordem mental: sempre uma poesia espontânea.
o castelo do rei tá fechado
o rei disse não
o rei não entra no meu castelo
acho que não vou precisar explicar pra ele o que é desobediência civil, nem anarquia.
e ainda no caminho, pra completar, os dois foram cantando o refrão da música da Menina da Lanterna, uma história linda sobre a descoberta da luz que brota no mais escuro inverno:
“a luz se apagou
pra casa eu vou
com minha lanterna na mão”
tem como não ter fé no futuro?