Ela, a que vem sangrando
Encontra com ele,
marchando.
Lauren, que tem pés no mangue.
Mas sem raiz, e de caule fraco,
ancora tentáculos ao ar, tentando resgatar alimento.
Agarra, faminta, múltipla de braços, carente de todo o resto.
Ele, inflexível, casca dura, rosto impassível.
Ela pergunta-lhe o nome. Ele nada lhe dá.
Lauren suplica-lhe algo,
e ele percebe que ali há comando.
Então ele fica, liderando seu pequeno exército
de uma só,
e só o que dela resta.
Ela ancora-se ao léu, porque ele não se deixa agarrar.
Mas ele deixa um dedinho no céu,
como uma isca no ar,
como bússola macabra
condicionando o andar
Lauren joga no chão
migalhas
pra ela mesma catar.
Porque ele
nada lhe dá
e ela
tudo quer pegar.
Então…
Erram pelo deserto
inferno de ambos,
sem sol.
Arrastam-se pelas paisagens
sem horizonte,
sem mar.
Ela, que não tem futuro
só teme o passado,
é só.
Ele, que queima por dentro
destrói o presente
sem dó.
Eles se grudam, se arrastam,
tal sombras sem dono,
sem luz.
Fundem-se num corpo estranho,
um câncer medonho
de pus.
Pedem, mas de um jeito raro
que um raio os separe
ou parta.
Partem de si dia a dia
e juntos se afogam
na praia.
Cuspi Lauren do corpo
enquanto fervia
lamúrias.
Coçava feito uma praga
esfolou meu pé
na luta
Rasgou a minha garganta
queimou-me o rabo
em fúria.
Tentou agarrar-me aos prantos
contando histórias
de fuga
Arrasta consigo o capeta
que a segue mandando
pros quintos.
…
Erra, diaba de eras
até que consiga
seu ninho.
Adeus, Lauren
que um dia você troque o diabo por eros, osíris,
algum outro deus.
E até lá, adeus,
que esse caminho é seu,
e essa não é minha história.
(depois percebi, Lauren
que não poderia te abandonar, tal como um pé que não se desfaz da sombra.
então, joguei sobre você meu sol
e pedi para que te iluminasse)