Chorava antes de dormir. Um choro aparentemente sem razão, gritado.
daqueles que poderia ter passado em branco: é sono.
Mas apertei bem forte. um som me percorreu, vindo do útero.
O som depois virou acalanto;
melodia simples, singela, bem diferente das complicadas voltas de minha cabeça.
então percebi que novamente celebrava seu nascimento
deixei sair aquela voz e, no transe dessa hora, meus braços viraram as paredes do nascer. o aperto do contato acalmou o choro. no limiar do porvir, o abraço, a contenção, o limite que nos acompanhará nessa existência terrena, mas que também nos mostra que não estamos sós.
ele soltou um longo suspiro, e soltou o corpinho num grande relaxamento. há algo que nos ampara. os contornos de nossa mãe. e esse aperto é bom.
e ele dormiu;
e uma música nasceu.
Chegou, chegou
o filho da harmonia
chegou, chegou
chegou trazendo luz
Chegou, chegou
e veio de uma estrela
chegou, chegou
chegou o meu amor
Chegou, chegou,
nasceu na primavera
chegou, chegou
pra vida alegrar