acordando pra vida

Acordei ainda tonta. há poucos segundos, vivia numa espécie de ditadura.

Sem recursos. Sozinha. Controlada por homens terríveis. Na beira do fim do mundo. O Horror.

O sobressanto trouxe de volta a lucidez. Então me perguntei o que me fez ter sonhos assim. Não, não é óbvio: o resultado das eleições é uma coisa, minha interpretação dos fatos é outra.

Percebi que o MEDO que teceu esse pesadelo é o mesmo que moveu muitos de nós em direção às urnas. o MEDO que a água acabe, que só a polícia sobre (no meu caso), de que a situação não mude (como não, se a vida é mudança?), que os recursos se esgotem, bla bla bla. E pior: medo que o bando oposto ao meu seja a razão da minha desgraça.

Embarquei nessa viagem de ódio.

Embalada nesse “espírito esportivo”, fiz prognósticos fatalistas. porque meu time perdeu.

E hoje, ao sonhar (pesadelar) com um real estado de ditadura, percebi o quanto eu estava sendo leviana, o quanto estava desonrando, inclusive, vários que acreditaram na liberdade quando a situação era mais dura, e deram a vida para que eu pudesse ter autonomia. Tantos que acreditaram e construíram uma realidade mais libertária, e eu aqui de mimimi. reclamando ao SAC catártico das redes sociais, chamando, sem perceber, um estado ainda pior de coisas.

Eu aqui, reclamando porque fui boazinha e não ganhei o pirulito.

Acordei.

Percebi a necessidade de sair dessa corrente de medo, de futurismos fatalistas, e acreditar que a vida é bem maior que essas manipulações dos que se dedicam a formar bandos opostos. Porque acreditar nesse futuro trágico é implantar um tumor silencioso e traiçoeiro que, aos poucos, corrói o próprio destino, nos afasta da nossa coragem e dá a um suposto “opressor” – alguém nem tão diferente de nós – o poder de tecer as histórias que nos conduzem.

Decidi honrar a história de todas e todos que colocaram suas vidas a serviço do amor e da liberdade, honrar o destino que quero ter, e isso só é possível tomando a vida nas mãos, sem acreditar em heróis nem em opressores. Sem ficar xingando o “povo”que vota “errado” (errado=diferente de mim).

Nada está pronto. É o contrário do que está escrito nas embalagens.

E isso é bom.

Uma resposta para “acordando pra vida”

  1. Gostei! Mesmo porque, como você bem disse , se ficarmos dividindo
    a vida em lados, vamos continuar mantendo o status quo e colaborar para que a mesmice continue… A vida é apenas uma e é simplesmente vida… sem lados… Que bom seria se todos percebêssemos isso e pudéssemos buscar trabalhar juntos para construirmos um pais mais justo e com dignidade para todos! Sem lados, todos juntos, um com o Todo!

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