suportar
a dor da partida
até que se cumpra o destino fiado.
Com fiar,
na mesma medida
com um pé sem apoio e um passo já dado.
tremer
saber-se incerta
e ver que lá dentro é estranha a morada
habitar
acalmar pensamento
ainda que a carne pareça rasgada
desenhar
num raro silêncio
a linha que escreve o próximo ato
desnudar
em três movimentos
o mar que transborda com sede de praia
acordar
em lúcidas horas
sabendo-se errante sem mapa nem nada
escutar
em ruído constante
a voz que me envia pra terra sagrada
receber
na dor de quem pare
o novo que chega da morte iminente
entregar
ainda que tarde
ilusão de que a vida é só pensamento
abraçar
no corpo da gente
o ser que em chegança me pede um abrigo
embalar
num canto-lembrança
tirando da história o terror do castigo
mais errar
como erra, criança
a súbita cria tomada de vida
e criar
entendendo, na dança,
o tom de uma história não mais dividida.