uma ponte ao país dos exílios

nem sete, nem um

nem colo constante, nem domínio das letras

nem grande nem pequeno

só o segundo.

 

Não importavam as tantas histórias que eu lhe contava. nada resolvia.

queria mudar de nome, de mãe (surpreendi-me atordoada nessa brincadeira)

mudava de lugar à mesa, buscando nas brechas o que ainda era mutante.

banido de si, nenhuma atenção bastava.

 

(eu que sei desses estados nômades, contemplava minha impotência diante do seu terremoto.)

 

Estava insuportável.

era um pedido de socorro de um náufrago que atirava nos barcos que tentavam lhe prestar socorro.

nós – o pai e eu – declaramos nossa impaciência: o que mais falta fazer?

 

depois, nossa ignorância.

 

Até que também nos reconhecemos nesse lugar de despertencer,

nessa ilha de desassossegos,

e acolhemos o insuportável de nós mesmos banido pra lá de nossos cantos

(havia em mim tanto exílio, e nesse muito, não sei porque, algo nele se reconhecia.)

 

Então consegui dizer a partir de um outro lugar: eu te amo mesmo assim, quando você faz isso.

 

Passaram-se alguns dias

ele novamente quis saber: você me ama mesmo quando está brava comigo?

 

Eu nunca vou deixar de te amar, nem no dia em que eu estiver muito muito muito brava com você. você é meu filho querido, e nunca vai sair do meu coração.

 

A gente nunca sabe qual é o ato que desencanta a dor. Na hora. nem tive pretensão, fui sincera e só. Sem saber, apertei o botão que procurava.

 

Então o vento mudou

ele montou em seu barco

e voltou pra casa.

 

gabribarco

2 respostas para “uma ponte ao país dos exílios”

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