Outro dia, tava assistindo com os meninos As Crônicas de Nárnia. Era a primeira vez deles, e por incrível que pareça (porque eu amo esse tipo de história) para mim também. Para quem não é iniciado nesse universo, essa é uma série de livros (que viraram filmes) sobre quatro irmãos que descobrem a passagem para um reino fantástico, repleto de aventuras. (quem quer saber mais siga o link)
Como em todo filme de aventuras que se preze, ele é repleto de muitos desafios. No primeiro da série, num dado momento, cada um dos irmãos recebe um “presente”, um instrumento que possa utilizar para enfrentar os perigos. Pois bem, o mais velho deles, chamado Pedro, ganha uma espada. E só sobre ele o assunto.
Pra que serve uma espada? Pra se defender, claro.
E para matar.
Matar?
Pois é.
Tenho pensado muito nas histórias de hoje. Obviamente, sendo mãe de 3 meninos, reparo muito nos personagens masculinos, os tais guerreiros. A serviço do que estão? De que discurso? Que ideologia eles sustentam, maquiados nessa coragem extrasupermegablasterheróica?
Mas daquela história eu estava gostando, e testemunhando o Pedro, meu filho, agora com 8 anos, torcendo pro xará dele. E eu torcendo pro enredo me surpreender e não reproduzir o discurso “você-fez-por-merecer-a-sua-morte-seu-modafoca”.
Os inimigos eram feras. Feras más.
Eles avançaram contra Pedro. Provocaram. Incitaram-no a usar sua espada. Ele não a puxou da bainha. A natureza se encarregou de separar o conflito.
Ufa.
Mas claro, surgiu novamente o perigo. Novamente, as feras atacaram. Dessa vez era vida ou morte. Novamente, Pedro se viu no mesmo dilema.
Sem lhe dar muito tempo, a fera pulou por cima dele. Pedro puxou a espada, que acaba rasgando o corpo do animal.
A fera morre.
A espada matou.
No silêncio pós-dramático da sala, eu me pergunto: E agora? O que os meninos acharam disso?
E como quem me lê no silêncio, Pedro diz: Ele virou adulto, né, mãe?
(sem mais.)