há que se cuidar

Há que se cuidar do broto

pra que a vida nos dê flor

e

fruto.

Três brotinhos: esse foi o templo que a vida me concedeu nos últimos tempos.

Parei. Tive que parar tanta coisa. Tive que começar tanta coisa… A cada um que chegava, rever minha própria chegança. Porque há que se tomar tempo pro tempo de cria. Há também que se ter alma lúcida. Há que muita coisa. Mas também há o que está além do “há que”.

Para além do “avental todo sujo de ovo”, comerciais de mamãe-bebê, cartilhas de mãe moderna, todo e qualquer modelo do que ser mãe significa e se ressignifica ao longo de todos os tempos, essa parte da música do Milton trouxe, de repente, de forma linda e sintética, a noção do que é esse ofício: um imenso laboratório alquímico. Ou, se preferir, a figueira debaixo da qual sentou Buda. Campo para transformação, ou até transmutação.

Começa com o corpo. Mas além do parto, o que ainda nos espera? A longa estrada da criança: criar além da chegança. Burilar palmo a palmo da pequena alma que eu era, nesse reflexo renovado que, dia a dia, me abraça e mira com todo amor que um dia sonhei sentir.

Cuidar do broto, a cada dia. Entender que espírito é esse que me brindou com sua presença. Ouvir nossa história juntos. Conduzir carinhosamente essa plantinha até a elevação máxima dos seus potenciais, ser também solo, terra. E quando sentir as raízes profundas no corpo do meu ser, confiar que o sol fará sua parte.  Celebrar cada flor que desabrocha, exalando um perfume ímpar: saber-se testemunha do propósito, então do filho, alcançado, vertendo em novos frutos pro mundo.

A co-criação com a vida: é isso, mãe?

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