pronto. criei coragem e me lancei ao labirinto do bardo. em pleno metrô, em plena manhã.
saí, pela escada, do sonho de uma noite de verão, mas era dia. fui abordada por uma senhora com dentes de asno, que perguntou: pra que lado é o Jabaquara?
nunca o Jabaquara foi tão estranho. Jabaquara era, ali, só um monte de AS enfileirados. não sabia onde estava, muito menos onde era o Jabaquara, e fui salva desse dilema por uma placa sinalizadora, que apontei à senhora.
ao fim do topo da escada, dei de cara com Pessoa. Gigante, na parede, falando sobre as cousas.
nunca as cousas foram tão estranhas.
de pronto ele me levou a outro, porque me peguei pensando que poesia no metrô era flor brotando do asfalto. experimente parar pra ler, é quase uma subversão, atrapalhando o fluxo.
atrapalhando a lógica.
daí senti a flor rasgando meu peito com seus espinhos delicados. e todos os sons do mundo entraram pelos meus ouvidos, finda a armadura, casca rompida.
até hoje não tinha reparado que a poesia doía olhos adentro.
mas melhor é doer, que sofrer virando piche.